A Gerdau (GGBR3, GGBR4) anunciou nesta terça-feira, 29 de abril de 2025, a decisão de encerrar a análise de viabilidade para construção de uma nova unidade greenfield no México. O projeto, que havia sido previamente comunicado ao mercado em 3 de maio de 2024, seria focado na produção de aços especiais voltados principalmente para o setor automotivo.

De acordo com o comunicado divulgado pela siderúrgica, a decisão foi resultado de uma reavaliação estratégica considerando o atual cenário internacional, marcado por um aumento nas medidas de defesa comercial adotadas por diversos países. A companhia também citou as crescentes incertezas quanto à dinâmica futura da cadeia automotiva global como fator determinante para o cancelamento do projeto.

A suspensão do investimento no México representa uma mudança significativa nos planos de expansão internacional da Gerdau, que já possui operações em diversos países das Américas. A nova fábrica seria dedicada à produção de aços especiais (SBQ), produtos de maior valor agregado e margens superiores aos aços longos comuns. Esta movimentação ocorre no mesmo período em que a empresa incorporou sua subsidiária Gerdau Summit, especializada em aços fundidos e forjados, em uma estratégia para intensificar sinergias e ampliar a oferta de produtos de maior valor agregado.

Em seu comunicado, a empresa afirmou que "continuará monitorando atentamente as condições de mercado e permanece comprometida com a busca por oportunidades alinhadas à sua estratégia de longo prazo". A Gerdau não revelou o valor do investimento que seria destinado ao projeto mexicano nem possíveis alternativas para alocação desses recursos. No entanto, a companhia recentemente concluiu aquisições no setor energético totalizando R$ 441,7 milhões, sinalizando uma possível reorientação de seus investimentos.

As tensões comerciais globais e as transformações no setor automotivo, incluindo a eletrificação da frota e novas tecnologias de mobilidade, têm gerado incertezas para diversos fornecedores da cadeia, incluindo as siderúrgicas que atendem ao segmento. Esse cenário desafiador também foi refletido nos resultados do primeiro trimestre de 2025 da companhia, que enfrentou uma taxa de penetração de importados de 22% no mercado brasileiro, intensificando a competição doméstica.